Mulher e desporto

Há anos que questiono porque não há mais mulheres espetadoras no desporto?! – mães e esposas não contam, pois acompanham os familiares. O desporto, assim como a vida, não é só de uma cor. É muito mais do que isso. A sua policromia consiste na alegria, na festa, na diversão, no convívio, no fazer dos jogos um tempo e um lugar de encontro. E as mulheres gostam disso. Sabem fazer isso. Infelizmente a participação da mulher no desporto é, ainda, desvalorizada, muito porque o modelo de organização desportiva, nos seus primórdios, foi idealizado por e para os homens, e as mulheres não contavam.
No alto rendimento, a taxa de feminização é cerca de 30 por cento, que equivale a cerca de duas vezes menos que a dos homens. Não chegam medidas simbólicas, por muita importância que tenham. Temos de eliminar o preconceito e a desigualdade de oportunidades entre mulheres e homens. O desporto pode, e deve ser um exemplo de integração e de afirmação da mulher na sociedade.
Apenas um em cada 10 treinadores e um em cada 10 árbitros são mulheres. A quantidade e qualidade estão em crescimento e devemos, com os valores intrínsecos ao desporto, fazer a diferença pela positiva, promovendo a valorização da mulher na sociedade.
Enquanto atleta, é nos desportos individuais que a mulher tem um maior reconhecimento pelas suas performances, mas há muito que nas modalidades coletivas existe qualidade e que a competição substituiu o lazer. Não se pode ignorar o trabalho de tantas jovens e mulheres, nem o sacrifício com que o fazem.
No dirigismo, os casos de mulheres com funções dirigentes nas organizações desportivas são raros. A comunicação social não trata com igualdade as performances do desporto feminino e masculino.
O desporto é muito mais bonito e melhor com ELAS. A nível regional a participação da mulher é já bastante numerosa e com resultados que nos orgulham.
A todas vós, os meus mais sinceros parabéns!
Gosto, mesmo, de vos ver por cá!

Vítor Santos
Embaixador para a Ética no Desporto