foto :Croácia, Zagreb, em 94, com o Comissário da Polícia Civil da ONU
Estive colocado na Jugoslávia, integrado na ONU, na UE e na UEO no decurso das guerras e pós-guerras dos anos 90; foram ao todo 12 anos, em funções várias de Comando, tendo sido a mais relevante a de Chefe de Estado Maior da Polícia Civil da ONU em 93/94, no pico das guerras.
A História da Jugoslávia inicia-se no fim da 1ª GM em 1918, sobreviveu á 2ª GM e termina abruptamente em 1992 em guerras internas, chacinas e genocídios.
Jugo/Slavia, Jugo é Sul e Slavia é terra dos Eslavos, significando Terra dos Eslavos do Sul, que são os Eslovenos, Croatas, Sérvios, Bósnios, Macedónios e Montenegrinos, mais os Búlgaros, estes sempre á parte na sua Bulgária.
Até á 1ª GM estes povos estiverem integrados, uns no Império Turco Otomano e outros no Império Austro Húngaro; desfeitos estes impérios pela 1ª GM, ficaram livres e uniram-se voluntária e politicamente no Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos em 1918, que passa a chamar.se Reino da Jugoslávia em 1929.
Em 1941, o Reino da Jugoslávia é invadido pelos Nazis; estes foram recebidos de braços abertos em Zagreb, na Croácia, de braços abertos pelos Muçulmanos em Sarajevo, na Bósnia, e de braços fechados em Belgrado, pelos Sérvios.
Os Sérvios assumem-se assim inimigos de invasões e expansões territoriais e, desde então são considerados como tal pelos alemães e terceiros ocidentais ávidos do controle dos Balcãs, e tal como foram de novo nas guerras de dissolução da Jugoslávia., nos anos 90.
Hitler agradeceu aos Croatas a Aliança incondicional dos mesmos, dando pela 1ª vez na História, a Independência àquele País, de 1941 a 45; foi a República da Croácia.
Nesse período de 4 anos de Independência, a Croácia limpou etnicamente 750.000 Sérvios ali residentes há séculos; juntamente com os Nazis, chacinaram-nos em festins de inacreditáveis crueldades, no campo de concentração de Jasenovac, na Croácia, onde está um museu e um memorial desse horror.
O Comandante do campo de concentração, um croata, no fim da 2ª GM fugiu para a Argentina, e regressou em 96, na nova Croácia independente, já quase centenário: estava de novo entre amigos.
No fim da 2ª GM, a Jugoslávia, com o nome de República Federalista Socialista da Jugoslávia, qual fénix, renasce das cinzas, sob a Presidência de Josip Tito, um Croata e comunista… reconstrói-se nas décadas de 50 e 60 e é um País feliz até meados de 70.
Em 1973 a crise do petróleo gera uma crise económica, e esta faz ressurgir os nacionalismos, os separatismos, as conflitualidades étnicas religiosas e uma clivagem entre as Repúblicas ricas do Norte, Eslovénia e Croácia e as Repúblicas do Sul, menos ricas como a Sérvia, Macedónia, Bósnia e Montenegro.
Esta situação agrava-se a partir de 9 Maio de 80, data em que morre a Alma aglutinadora da Jugoslávia… o Presidente Josip Tito…. e agudizam-se ainda mais os nacionalismos e separatismos.
Em 1985 aparece na URSS a figura inolvidável de Mikael Gorbachev que, confrontado com a crise do petróleo e a consequente crise económica, avança com a reestruturação da Ex URSS, a Perestroika e Glasnost, tendo despoletado um processo interno de nacionalismos e separatismos incontroláveis, tal qual como estava em curso na Jugoslávia.
Mikael Gorbachev era um pseudo intelectual de boa fé, crente na bondade do Mundo Ocidental e decidiu ir a Washington propor ao Presidente dos EUA, Ronald Reagan, um acordo de desarmamento mútuo dos mísseis nucleares de alcance intermédio na Europa, designado ainda hoje por INF, mas já não respeitado por nenhuma das partes.
Esses mísseis nucleares, no caso da URSS, eram os S-20, os quais possibilitavam á Rússia atingir qualquer ponto da Europa; os EUA e a NATO fariam o mesmo e assim, o equilíbrio do terror pela destruição mútua nuclear, no espaço europeu, desaparecia.
Assim foi feito, mas os EUA entenderam tal proposta como prova de fraqueza e uma quase declaração de rendição militar e política da URSS perante os EUA, o que de certo modo foi.
A crise do petróleo de então colocou a URSS de joelhos, financeiramente, porque a sua economia dependia das exportações e do preço do petróleo, o qual foi intencionalmente manipulado pelos EUA para esse fim.
Bósnia, 1998, Sarajevo, o contingente da PSP e o então Ministro da Administração Interna Jorge Coelho;
Em 1987, o Presidente dos EUA, Ronald Reagan, assina um plano Secreto, designado por NSDD 133, titulado “Política dos EUA para a URSS e Jugoslávia”, cuja finalidade lá expressa era incentivar e apoiar os nacionalismos e separatismos dos Países de Leste na URSS e nas Repúblicas da Jugoslávia, para fazer colapsar essas Uniões Políticas, como aconteceu.
Concluímos, pois, que foram as crises económicas e as acções encobertas dos EUA que intensificando os nacionalismos, separatismos, divergências étnicas religiosas, clivagens económicas internas que fizeram colapsar a URSS e a Jugoslávia.
A URSS é dissolvida a 26 de Dez 90 e a Jugoslávia é dissolvida a 01 de Março de 1991, três meses depois.
Digamos que a CIA teve o bom senso de não juntar os dirigentes da Ex URSS e da Ex Jugoslávia no mesmo local para se auto destruírem em simultâneo; as implosões respectivas ocorreram com três meses de diferença no tempo; notório bom senso da CIA, passe a ironia.
As Repúblicas da Jugoslávia declaram as respectivas independências: – a Croácia e Eslovénia a 21 de Jun 91, Macedónia a 17 Set 91 e Bósnia em Março de 92; estas independências foram o tiro de partida para as três guerras da Jugoslávia: – Croácia de 91 a 95, Bósnia de 92 a 95 e Kosovo de 98 a 99.
As minorias Sérvias viviam em paz na Croácia, Bósnia e Kosovo, enquanto a Jugoslávia existiu; face ás independências e aos genocídios que enfrentaram na Croácia na 2ª GM e face a perspetivas similares na Bósnia com os muçulmanos, os Sérvios organizaram-se politica e militarmente na República Sérvia da Krajina/ Croácia e República Sérvia da Bósnia e lutaram pela suas autonomias e independências.
Na Croácia os Sérvios foram mal sucedidos, chacinados e limpos etnicamente; na Bósnia foram parcialmente bem sucedidos, pois conseguiram uma República autónoma, mas não Independente.
E foi assim que ocorreram as guerras dos Balcãs na década de 90.
O contingente da PSP em 95 na UEO, (União da Europa Ocidental), com o então Ministro dos Negócio Estrangeiros, Durão Barroso, na Bósnia, em Mostar.
As guerras foram dramáticas; os Sérvios foram demonizados e de tudo foram culpabilizados, como competia ao discurso politicamente correcto e interessava ao Ocidente, em particular aos EUA, Alemanha e seus vassalos.
Os Croatas, Muçulmanos e Albaneses do Kosovo foram vitimizados e pelo Mundo Ocidental divinizados e, em nome da defesa destes Povos contra os diabolizados Sérvios, o Ocidente e a NATO intervieram militarmente contra os Sérvios, e ganharam as guerras para os Croatas, Muçulmanos e Albaneses em fins de 95 e no Kosovo em 99.
As intervenções NATO na Bósnia e no Kosovo foram justificadas, perante a opinião pública mundial, como tendo carácter humanitário ou de imposição de valores civilizacionais superiores do Ocidente.
A ONU, os EUA e a EU fundamentaram os bombardeamentos intensivos da NATO contra os Sérvios, em alegados crimes de guerra dos Sérvios, mas que na realidade foram planeados e levados á execução pelos Muçulmanos e Serviços Secretos Ocidentais… contra os próprios muçulmanos.
De que são exemplo as duas situações de “explosões” ocorridas no Mercado Merkale em Sarajevo e não só, que assassinaram um total de mais de 100 pessoas muçulmanas, vitimaram centenas doutras e das quais acusaram os Sérvios, que nada tiveram a ver com aqueles actos de terrorismo.
Que de facto foram executados pelos muçulmanos e pelos serviços secretos ocidentais, como disse, para culpabilizarem os Sérvios e usarem tais chacinas de civis, para justificarem prante a opinião pública mundial… os bombardeamentos da NATO contra os Sérvios… isto é rotina nas guerras de hoje, chamam-se ataques de bandeira falsa.
Afirmo isto, porque sei, de ciência certa que foi assim, estava lá, em posições elevadas e sei por informações classificadas e por testemunhos presenciais de pessoas locais.
Enfim, a Jugoslávia, foi um sonho lindo dos Povos Eslavos do Sul, que quiseram viver Unidos politicamente sob a mesma Bandeira; dela já nada resta, depois duma vida conjunta de 84 anos.
Nada mais resta a não serem os 150.000 cadáveres desses povos nestas guerras… a limpeza étnica de 300.000 Sérvios da Krajina… as deslocações étnicas de populações na Bósnia, em massa… pobreza generalizada…. fome encoberta… e novas guerras congeladas em espera de oportunidade na Bósnia, no Kosovo e Macedónia…
Ah! e restam sete novos Estados…cada um várias vezes mais pequenos que Portugal… excepto a Sérvia… são nano Estados neocolonizados pela UE e pelos EUA… tutelados… em míngua permanente duns trocados euro americanos, para não morrerem de fome…
Vivi com eles 12 anos, nas casas deles, falo-lhes as línguas fluentemente, participei-lhes nas guerras, sofri com eles nos vários lados dessas guerras as suas dores, perdas, horrores medos, tragédias e sei, que é assim.… enfim… imperialismos e novas ordens mundiais em movimento.
A breve prazo haverá mais conflitos político militares na Macedónia, Kosovo e Bósnia… estão apenas adormecidos.
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