Entrevista com o treinador da equipa sénior do GDM, prof. João Bento

Entrevista ao Facebook Oficial do

1 – No ano em que comemora 25 anos de carreira como treinador de futebol e o G.D.M 75 anos de vida, como se sente neste regresso ao clube?

Sinto-me com a mesma vontade, com o mesmo nervoso miudinho, a contar os dias para o início dos trabalhos, com que iniciei a minha carreira, sendo que nesta altura sou certamente muito melhor treinador em função das experiências e formações acumuladas ao longo destes 25 anos de carreira.

Essa é uma pergunta muito interessante e que espero ser capaz de clarificar de vez, ressalvando que quem acompanha a minha carreira sabe que é normal eu regressar a clubes onde já tinha estado anteriormente e isso é algo que me agrada e deve ser relevado, pois retrata bem a forma sempre cordial com que me relaciono com as pessoas com quem trabalho e como saio dos clubes que represento.

Numa relação entre treinador e clube, como em quase todas as relações a dois, há a necessidade de haver interesse, primeiramente de as iniciar e depois de as manter. Das duas partes! Quando tal não sucede elas tendem a terminar. E nas 3 vezes em que saí do Desportivo de Mangualde as motivações que conduziram à minha saída foram sempre diferentes. Vamos então por partes: na época 2004/05 sou convidado em finais de outubro para assumir o clube numa altura em que os resultados não eram bons e é-me proposta a reformulação do plantel até final do ano civil. Fomos jogando e procurando novas soluções para o plantel e depois de um resultado e exibição de boa qualidade no nosso estádio sou, em final de novembro, confrontado pelo presidente do GDM a informar-me que estava dispensado e que os jogadores que quisessem sair poderiam sair pois o clube não tinha condições de continuar com o plantel atual, muito menos ir buscar reforços. E eu saí, tal como alguns jogadores do plantel. Três anos depois sou convidado pelo atual presidente do GDM para ingressar no clube numa altura em que por questões burocráticas (recibos das gratificações) o treinador do clube e alguns jogadores haviam abandonado o GDM. Também aqui iríamos proceder a alguns ajustes no plantel e nos contactos para esses ajustes sou convidado para regressar ao CD Tondela no campeonato nacional da 3ª divisão. Falei com a direção do Desportivo e, amigavelmente, saí do clube onde regressei em 2015/2016, numa altura em que poucos fariam o que eu fiz, pois deixei uma zona de tremendo conforto, um clube onde era imensamente acarinhado e reconhecido em todos os aspetos, para tentar salvar o GDM da descida de divisão. O que felizmente foi alcançado na última jornada do campeonato tendo nos 11 jogos disputados alcançado tantas vitórias quantas nas 19 jornadas anteriores, sendo 2 delas nas 3 últimas jornadas. Com isso mantive-me na época seguinte e depois de termos alcançado a melhor primeira volta dos últimos anos do GDM na divisão de honra da AF Viseu sou, a 10 jogos do fim do campeonato, convidado pela direção a rescindir o vínculo com o clube, o que naturalmente aceitei.

Esta época sou novamente convidado a ingressar no GDM e, também naturalmente, aceitei mais este desafio num ano de capital importância para o clube, tendo em conta a reestruturação que o clube se propõe realizar, num ano atípico em termos sociais e desportivos com enormes incertezas, mas num ano muito especial para um clube desta grandeza que é a comemoração do seu 75º aniversário, sendo para mim uma enorme honra fazer, mais uma vez, parte da enorme história deste clube e ainda mais num ano especial como este.

Como disse anteriormente este é acima de tudo um ano de enormes incertezas, para já. No entanto, sabemos que o campeonato, a exemplo do que tem sucedido nos últimos anos, irá ser imensamente competitivo com essa nova nuance dos 18 clubes e das 4 descidas diretas de divisão. Assim, mesmo tendo iniciado a constituição do plantel mais tarde que a maioria dos nossos adversários, procuramos aliar à grande maioria dos atletas que compuseram o plantel nas duas últimas épocas um conjunto de jovens jogadores que conhecíamos e em quem depositamos enormes esperanças no sentido de rejuvenescer o plantel, aumentando a competitividade e, naturalmente, melhorar a qualidade. O facto de alguns desses atletas serem oriundos do campeonato da AF Guarda, tem muito a ver com o facto de eu ter estado envolvido nesse campeonato na época transata ao serviço do CF “Os Vilanovenses”, outro clube histórico que tive um imenso orgulho em representar, e tendo observado muitos jogadores de qualidade, conseguimos a aquisição destes o que muito nos agrada.

Não deixando de ser uma frase feita e recorrente, a verdade é que somente podemos prometer trabalho e dedicação máxima no sentido de sermos dignos de representar um clube com esta magnitude. Temos tido o cuidado de levar todos os atletas que agora chegam ao clube e mesmo os que já cá estavam á sala de troféus do GDM, no sentido de perceberem que clube é este e de todos interiorizarmos a (boa) responsabilidade de servir o GD Mangualde. Estou certo que se todos formos dignos e sérios desta responsabilidade, com a ajuda de todos os mangualdenses, em especial aqueles que ao longos dos anos muito têm contribuído para a história deste clube, se conseguirmos que finalmente o GD Mangualde seja, verdadeiramente, um só clube, unindo em torno do mesmo todas as nossas sinergias, o presente e o futuro do Desportivo será mais tranquilo e necessariamente com muitos êxitos.